Thiago allexander
segunda-feira, 8 de maio de 2023
Curiosidade
A curiosidade matou o gato com certeza faz uma alusão muito compatível a condição em que pode submeter-se qualquer individuo em prol de satisfazer esse desejo indiscreto de saber certas coisas que nem nos cabe. Uma de nossas vertentes compulsivas e despercebidas é a mitificação de nosso cotidiano, seja dentro de padrões éticos, culturais ou religiosos ou pagãos, estamos buscando entender as entre linhas das situações. Com certeza, como esse nosso sistema capitalista aproveita de todas as situações e informações ligadas a fragilidade e as necessidades da humanidade no mecanismo de propaganda, mercado e produto não foi diferente. Não há com certeza parâmetros e nem medidas pra se calcular o quanto a curiosidade é parte de todo o processo do universo. Num conjunto de entrelaçadas teias e traços e pontos e linhas se engrenam nossos sentimentos nossas ações, nossas vidas, e agem num fluxo continuo onde se afastam e se completam e subtraem. De costas um pro outro se impulsionam e o medo agachado, o amor deitado torce o pescoço e sorri, o medo gira e se afasta, a curiosidade olha a janela e a beleza passa e olha, a confiança, assovia, a vaidade ajeita o cabelo, o orgulho finge que não vê, o rancor lá longe balbuciou alguma frase daquelas inteligíveis e incompletas de sempre. A curiosidade saía em noites fantásticas e imemoráveis com a insanidade, a luxuria e o prazer. Era a babilônia mais sutil num desses bares grandes e hotéis cinco estrelas onde os catálogos de garotas estavam à mesinha do telefone. Certa vez à deriva em alto mar, Apolo Deus do sol castigou a curiosidade, mas os zéfiros se compadeceram e a levaram junto com a coragem, á outras terras além. E inevitavelmente as fronteiras foram quebradas e hoje não há lugar, seja numa fechadura, uma conversa, uma duvida, uma desculpa, a curiosidade estará, invicta do tempo, alheia as dores e frustrações, pois seu temperamento é o quanto precisamos de certa forma pra aperfeiçoar nossa própria personalidade. Anda às vezes de mãos dadas com o conhecimento e se encontra as escondidas com a mentira e a imparcialidade estratégica da política humana. A paixão é conselheira pra alguns momentos e certo que também ela se abre a curiosidade sobre o amor. De algum buraco do mundo alguém espia o que realmente lhe importa nessa existência e comunga a cumplicidade atemporal do desejo pelo conhecimento e o encanto pelo desconhecido. Olhamos a nossa volta e com uma analise simples poderemos perceber o resultado de tanta curiosidade, tanta ciência, filosofia, religião e conceitos e tecnologias e pesquisas, um manancial inesgotável de interrogações e questionamentos que nos fazem náufragos absortos e despercebidos achando ser somente o desenrolar comem da vida. Enfim uma conclusão somente sobre a curiosidade e seus efeitos e sua atuação, que também de certa forma poderemos enquadrar num conjunto extenso de outros sentimentos, em medidas variadas e nunca sob generalização, existem benefícios e malefícios, cabendo cada qual dentro de sua ética e conceitos, comedir e controlar.
Linguagem secreta das lagartixas
Certo que entre os seres cada qual se comunica a sua maneira e muitas vezes entre a mesma espécie se desentende e entram em conflito como é o nosso caso, até pela própria falta de manuseio da linguagem, às outras espécies resta seguir a cadeia alimentar e sobreviver ao máximo à crueldade da selva. Nós como serem humanos e dotados de um maravilhoso cérebro, inventamos as mais diversas maneiras de comunicação e linguagens e símbolos e exploramos os significados mais íntimos e recônditos de nossas historias e calculamos toda nossa fé e ceticismo e nos prendemos a isso e nos perdemos. Estamos sempre tão envolvidos com nosso mundo que não percebemos um olhar que alguém lhe dá de soslaio, ou um pássaro no portão a cantar alegre em serenata, e o sol se pondo entre as casas, as serras e as florestas e os seres que nos rodeiam imperceptíveis, os animais, as plantas, os insetos, o som constante e o silencio dentro de cada um e um gesto e uma poética maneira de existir. Essa sensação é quase um nirvana e sinceramente não pratico meditações, mas acho que minha embriagues com certeza me deixa muito mais sensível e sensitivo. Madrugada dessas cheguei em casa escutando tão bem até a formiga caminhando na folha do pé de goiaba era audível, num caminhar muito silencioso cheguei, abria porta e entrei, nesse instante um passo a dentro, senti a presença de alguém, era uma lagartixa e num instante que nos olhamos foi como se não houvesse nenhuma diferença entre nós, e de alguma maneira entendi que havia outra lagartixa um pouco mais na frente da parede, e não sei porque também sabia que era a fêmea e eu estava tendo um papo de macho e desvendando um rito de comunicação corporal e instintiva entre esses seres. Senti que em seus movimentos, pescoço e cabeça e corpo diziam sempre comentários que acabei por entender devido a esse porre que tomei esta noite. O medo com certeza nos envolve a todos numa teia. Naquele momento senti como um simples gesto as vezes inconsciente pode alterar qualquer situação e torna-la pacifica ou terrorista e prejudicial. Não bate muito papo com eles essa noite por que estava com sono e sinceramente a conversa era muito mosquito, mariposa, borboleta e cobra e gato, me despedi e me joguei na cama. Acordei com a impressão de um sonho, mas elas estavam lá e me atormentaram e me irritaram com suas conversas por meses tentei me relacionar e por incrível que pareça não consegui as agredir e exterminar minha agonia. Perguntei o que queriam e não me respondiam, percebi que esse casal de lagartixas começou a alterar até alguns adornos e enfeites e livros e utensílios de lugar e sentiam donos da casa. Ameacei alguns vezes uns inseticidas, umas vassouradas, mas nada. continuavam ali na minha frente e participaram de muitas conversas e musicas e leituras que eu fazia com amigos e sozinho, com certeza uma absorção de acordo com a realidade delas foi também possível e elas puderam depois sobre o que certa vez disse sobre o que queriam pra me deixar em paz, opinar. Quando cheguei certa noite, estavam as duas de frente o caderno aberto com uma caneta. Quando vi aquilo não me faltou duvida nenhuma sobre escrever, me sentei e começaram: _excelentíssimos seres humanos gostaríamos de pedir em nome de todos os seres inferiores que vossas senhorias parem de nos tratar como lixo e entendam que nos fazemos parte de uma cadeia complexa e se tudo ta uma porcaria, os maiores responsáveis são vocês com suas invenções e idéias egocêntricas. Estará perto o dia em que não toleraremos mais essas conjecturas e subverteremos esse quadro e colocaremos vocês, os seres racionais, nos porões do planeta, quiçá o extermínio. Quando terminaram estava tão comovido e sensibilizado e maravilhado nessa experiência fantástica e única. Solidário a eles ao ponto de esquecer todos os motivos contra a permanência deles no recinto. Ficamos amigos, combinamos algumas coisas e estamos pensando alguns projetos juntos. Sinto-me honrado e privilegiado em servir de mensageiro. Marcaremos auditorias e debates com quem mandar e-mail, fóruns e assembléias serão realizados em prol da manutenção do planeta e da guerra sobre qualquer forma e contra qualquer forma de preconceito e discriminação. Montamos uma associação não governamental, a Galartixia Vida. Nosso site Galartixiavida.com.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
o Cachorro Gato
Fui a casa de uma amiga de meu tio Fabio e ela possui um cachorro chamado gato. Hora,mas que mal tem em um cachorro chamar-se Gato, alem do paradoxo e do constrangimento para o próprio animal. Questionando a dona sobre o cão e por que do nome, fiquei sabendo de algo incrível, desde pequenino, ele se comportou muito mais como um bichano do que como cachorro, chegando até em vez de latir soltar grunhidos semelhantes a miados, se lamber tomando banho como um gato e se arrepiar inteiro e envergar a espinha num momento de perigo. Ela chegou a lhe dar outro nome antes, mas com a observação de seu aspecto felino, o rebatizou. Realmente o Gato não parece nada com um cachorro. Tem mania de roçar entre as pernas das pessoas e afiar as unhas nas arvores e dormir o dia e sair de noite pelos telhados das casas vizinhas. É impressionante como a natureza insiste em contrariar a si mesma e como os seres têm capacidades de ignorar e lutar contra seus instintos e metabolismo e espécie em prol de fortalecer sua personalidade. Pois bem o Gato conseguiu ser reconhecido como tal, apesar de ser um cachorro. Vive feliz da vida em um lugar lindo, e por incrível que pareça tem um amigo cachorro que deve morrer de vergonha dele e outro amigo gato, eles convivem felizes e são amados e queridos de sua dona Simone. E tem uma coisa que Gato adora. Quando de repente chega aquela galera feliz de tomar cerveja e corre e brinca junto com todo mundo. Foi numa dessas ocasiões que eu puder conhecer esse grande exemplo de força.
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Este livro primeiramente é uma homenagem a vida e a todos que participam e participaram de meu cotidiano em momentos, instantes, dias, meses, anos e décadas. Um retorno a todas as conversas que já tive em tantas ocasiões, com tantos, por diversos lugares e sobre uma multiplicidade de assuntos. E de tudo isso, e por isso começo esse livro com a evocação de um sonho que tive e a todos que contei, afirmaram ter sonhado também o mesmo. O sonho era relacionado à capacidade de voar, eu sabia que podia voar, mas sabia que só voaria se me atirasse ao ar sem preocupar com a queda e na convicção de um pássaro. Voei muito nos meus sonhos, mas também cai quando não acreditei que podia. Assim a vida também nos pede confiança em nossas empreitadas. Aqui eu estou me atirando num precipício e espero sair voando através de seus olhos sobre essas palavras.
o Macarrão de arte
Certo dia quando se reuniu certo numero de amigos na minha casa, uma amiga deu idéia saborosa de fazer um macarrão, trouxe os ingredientes e disponibilizou a fazer o preparo. Mais ervilha e milho enlatados, tinha um pouco de extrato de tomate e pimenta. Demorou uns cinqüenta minutos o preparo todo. Quando todos viram a aparência do bicho, por que estava mais pra bicho do que pra macarrão, ninguém encarou, a cozinheira e o namorado dela foram os únicos que comeram assim meio forçados mas comeram e eu tentei, mais desisti. Mais tarde todos foram embora e diante daquele quilo de macarrão extraterrestre, tive a brilhante idéia de fazer uma obra de arte. Comecei a amassar a aquela substancia gosmenta e formei em entulho abstrato onde as ervilhas formavam olhos e pareciam partículas se espalhando, causadas por um acidente brutal e avassalador e junto moldei uma espécie de castelo de duas torres e umas janelas redondas e pessoas encravadas na parede. Fui modificando e virou algo como um disco voador encravado no chão estraçalhando-se num castelo. Fragmentos por todos os lados, uns olhos olhando pra todos os lados e bocas e orelhas e mãos e depois quando não tinha como ficar mais confuso e carregado, dei um golpe de cima pra baixo bem no meio da escultura com a ponta do meu dedo e tudo se encaixou maravilhosamente. Ficou exposta dois dias no espaço cultural do Banco Central em Brasília. Atualmente está em um desses museus famosos de Londres ou Paris que nunca sei pronunciar nem escrever.
Ser Folha ou Não Ser
A natureza é fantástica com sua força seus mistérios. Pois bem. Os processos de transformações, as mutações e a violência humana causam situações horrorosas e drásticas. De uma arvore dessas que viram papel sobro justamente numa folha branca de papel no formato A4 o sentimento de injustiça e revolta. A folha exprimida entre tantas sentia-se fatalmente ferida e constrangida em ter se tornado algo tão frágil e maleável. Nestas perguntas e exclamações decidi infectar com discursos emotivos todas as folhas da resma sua ideologia. Mas somente ela está viva e sente que está mesmo. Ao sair da embalagem que a envolvia a nossa arvore inconformada começa a fomentar uma maneira de se rebelar e buscar um jeito de se safar das tintas e das palavras que eram sua sina ali na impressora. Esse surpreendente fato de uma folha de papel com tanto sentimento ultrapassa com certeza a compreensão humana da realidade e no entanto se iguala completamente a tantas situações que chamamos acidentes, milagres, fé e etc.
A folha vendo que já chegava sua hora de ser impressa. Avistou longe a janela e usando uma antiga linguagem vegetal pronunciou um pedido de socorro ao vento, que prontamente atendeu e inundou a sala uma ventania providencial. Nossa folha persistente conseguiu surfar no ar entre as mãos burocratas e se mandar pela janela. Em pleno ar pensou como seria fácil bater asas se tivesse uma dobra no meio. Sem a dobra seu voou durou pouco e ela foi se emaranhar justamente nos galhos de uma arvore. Como foi agradável estar ali de novo entre o verde das folhas o marrom dos galhos o vento agitando tudo num balé eterno. Durou pouco essa sensação, pois o mesmo vento a soprou de novo e ela foi ao chão. Era umas três horas da tarde, o asfalto quente castigou a folhinha rebelde e ela si pensava seu destino que ia de mal a pior, a possibilidade de alguém lhe pisar, rasgar ou ser apanhada pelo caminhão de lixo. Nada aconteceu a tarde inteira. O sol, o céu, os pássaros, as pessoas criaram um novo significado ali de baixo grudada ao chão como estava. Refletiu sobre o destino, sobre Deus, os homens suas invenções e suas mentiras e acabou por concluir já ter ido longe demais com seu inconformismo e acabou por perceber sua importância lá na impressora, como as letras que lhe seriam impressas poderiam lhe dar outro sentido e como seria ter os olhos de alguém deslizando na sua superfície e decifrando as palavras. Chamou o vento novamente dizendo querer voltar pra onde estava, o Vento lhe explicou não ser possível a janela estava fechada, alem do mais folha suja e amassada não tem utilidade. Contrariada a folhinha decide ficar mais relaxada e deixar se levar por aí. Haviam passado muitas pessoas por ali, carros, cachorros e crianças, mas ninguém chamou atenção tanto como um rapaz moreno, alto, roupa social, ele havia tocado o interfone varias vezes sem atendido, sentava no meio fio desconsolado, voltava, apertava mais a campainha, andava em círculos, parava pensativo, gritava um nome, apertava de novo em desespero. A Folha curiosa deixa chegar mais perto dele passeando com a brisa. Ele a vê cambaleando e a apanha com cara de quem teve uma grande idéia. Ao ser apanhada nossa Heroína caiu em confusão e desespero, pensa todo tipo de impropérios. O rapaz tira do bolso da camisa uma caneta e começa a escrever. A Folha se delicia com o riscar suave da ponta da caneta em sua superfície e as palavras escritas a emocionaram tanto a ponto de estancar todo medo sentido a pouco. O Jovem apaixonado escreveu o seu mais profundo sentimento e deixou na caixinha de correio nossa Folha Guerreira. O escuro confortou-a dentro da caixinha e quando acordou já desdobrada, sentiu a umidade salgada que lhe escorria em vertical. Uma moça linda com os olhos vidrados chorava alegremente enquanto lia os versos que aquele rapaz ontem escreveu. Tudo soou tão romântico e fantástico que se esqueceu de todos os argumentos contra ser uma Folha e aceitou sua sina com toda convicção de que não haveria nada melhor pra lhe acontecer. Ganhou lugar eterno num coração e companhia dentro de um livro com folhas amarelas e brilhantes, que vez ou outra são lidas e acariciadas com ternura.
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