quarta-feira, 16 de dezembro de 2009



Celular Vadio ou volta no quarteirão
Thiago Allexander

Depois de algum tempo de uso meu celular começou a dar defeitos variados, cada momento um novo pra me atrapalhar. O problema mais estranho e esquisito que poderia acontecer é essa estória. Esse aparelhinho virou um companheiro de todas as horas da humanidade. Certa vez, numa destas noites de bar em bar e mesas e copos e cervejas, estava eu e meu V3 Black tomando umas cervejas e de repente um copo todo caiu em cima do Black e o encharcou. Putz, aí o desliguei, tirei a bateria, sequei e esperei uns minutos e copos a mais e o liguei. Quando fiz isso ele começou a vibrar e não parou, ficou louco, tentei desliga-lo, desliguei mas não adiantou, só parava quando tirava a bateria. Depois que desliguei e tirei a bateria algumas vezes ele pirou de vez e nem precisava ligar pra começar a tremedeira, punha a bateria e compulsivamente vibrava louco e mais forte agora fora do normal. Fiquei meio contrariado e fui embora mais cedo como de costume. Ele vibrou aflito até minha casa, decidi desafia-lo e o deixei vibrando. Escovei os dentes, me arrumei pra dormir, tomei um copo de água e me deitei colocando o Black no chão bem perto da cama em cima de uma camisa pra não fazer tanto barulho seus tremeliques. Fui pensando na vida com a cabeça no colchão analisando essa situação do celular e o barulho parecia ficar mais calmo e baixo, achei ser a bateria ficando fraca. Pus o braço pra baixo em direção ao celular no chão e não achei, apalpei até onde alcançava minha mão e nada, levantei, acendi a luz e vi que ele tinha sumido. Parecia que tava ficando mais longe o barulho, sai do quarto no intuito de seguir seu rastro sonoro, fui pra sala e o som parecia estar vindo da garagem, abri a porta da sala e sai tateando com os olhos o chão, olhei de baixo do carro, perto das plantas e nada. Abri o portão e sai pra rua, o barulho ainda persistia e estava mais grave e se distanciando. Olhei a rua dum lado pro outro e nada e nem ninguém. Foi quando olhando de relance vi algo se mexendo na calçada há uns dez metros de mim. Caminho largamente e lá estava, indo não sei pra onde, meu companheiro telefônico. Confesso ter ficado com medo nessa situação. Parecia estar vivo e precisar ir a algum lugar com urgência. Titubeei em apanha-lo e interromper seu caminho. Fiquei o seguindo, dobrou a esquina. Me dividi entre o desejo de que passasse alguém e presenciasse a cena e o pensamento obtuso do ridículo surreal e vergonhoso que seria pra mim ser visto seguindo um celular pela calçada. Na outra esquina ele virou na mesma calçada do meu quarteirão e na outra também e continuou a caminhada até na porta da minha casa. Onde parou e sossegou. O peguei feliz pensando ter acabado o problema vibracional dele, mas era a bateria que tinha descarregado. Foi só ligar na tomada pra ele recomeçar. Decidi tirar a bateria e colocar bem longe do aparelho. No dia seguinte levei no concerto, cinco minutos e o camarada arrumou e ficou legal e tranqüilo, se comportando ao contrario do epiléptico de ontem. Foi uma pecinha que tinha entravado com outra e estava disparando a vibração e deu no que deu. Nunca mais minha relação foi a mesma com meu neguinho, pois tenho certeza que além desse defeito, ou por detrás dele havia o desejo de dar uma volta sozinho pelo quarteirão e se sentir livre por pelo menos alguns segundos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Curiosidade
Thiago Allexander

A curiosidade matou o gato com certeza faz uma alusão muito compatível a condição em que pode submeter-se qualquer individuo em prol de satisfazer esse desejo indiscreto de saber certas coisas que nem nos cabe. Uma de nossas vertentes compulsivas e despercebidas é a mitificação de nosso cotidiano, seja dentro de padrões éticos, culturais ou religiosos ou pagãos, estamos buscando entender as entre linhas das situações. Com certeza, como esse nosso sistema capitalista aproveita de todas as situações e informações ligadas a fragilidade e as necessidades da humanidade no mecanismo de propaganda, mercado e produto não foi diferente. Não há com certeza parâmetros e nem medidas pra se calcular o quanto a curiosidade é parte de todo o processo do universo. Num conjunto de entrelaçadas teias e traços e pontos e linhas se engrenam nossos sentimentos nossas ações, nossas vidas, e agem num fluxo continuo onde se afastam e se completam e subtraem. De costas um pro outro se impulsionam e o medo agachado, o amor deitado torce o pescoço e sorri, o medo gira e se afasta, a curiosidade olha a janela e a beleza passa e olha, a confiança, assovia, a vaidade ajeita o cabelo, o orgulho finge que não vê, o rancor lá longe balbuciou alguma frase daquelas inteligíveis e incompletas de sempre. A curiosidade saía em noites fantásticas e imemoráveis com a insanidade, a luxuria e o prazer. Era a babilônia mais sutil num desses bares grandes e hotéis cinco estrelas onde os catálogos de garotas estavam à mesinha do telefone. Certa vez à deriva em alto mar, Apolo Deus do sol castigou a curiosidade, mas os zéfiros se compadeceram e a levaram junto com a coragem, á outras terras além. E inevitavelmente as fronteiras foram quebradas e hoje não há lugar, seja numa fechadura, uma conversa, uma duvida, uma desculpa, a curiosidade estará, invicta do tempo, alheia as dores e frustrações, pois seu temperamento é o quanto precisamos de certa forma pra aperfeiçoar nossa própria personalidade. Anda às vezes de mãos dadas com o conhecimento e se encontra as escondidas com a mentira e a imparcialidade estratégica da política humana. A paixão é conselheira pra alguns momentos e certo que também ela se abre a curiosidade sobre o amor. De algum buraco do mundo alguém espia o que realmente lhe importa nessa existência e comunga a cumplicidade atemporal do desejo pelo conhecimento e o encanto pelo desconhecido. Olhamos a nossa volta e com uma analise simples poderemos perceber o resultado de tanta curiosidade, tanta ciência, filosofia, religião e conceitos e tecnologias e pesquisas, um manancial inesgotável de interrogações e questionamentos que nos fazem náufragos absortos e despercebidos achando ser somente o desenrolar comem da vida. Enfim uma conclusão somente sobre a curiosidade e seus efeitos e sua atuação, que também de certa forma poderemos enquadrar um conjunto extenso de outros sentimentos, em medidas variadas e nunca sob generalização, existem benefícios e malefícios, cabendo cada qual dentro de sua ética e conceitos, comedir e controlar.

sábado, 19 de setembro de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009


filas de insetos zumbizando um falatorio novo:
Inseticida sabor menta pra deixar a morte mais refrescante