segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

GPS Psicopata


GPS psicopata
Thiago Allexander

O ser humano é com certeza, fascinado com sua própria criação, desde a mais singela a mais engenhosa. Em pleno galope desesperado vai a tecnologia sedutora de vermelho a ludibriar nossos sentimentos e nos colocar de joelhos a seus pés. O obstinado desejo de consumo que nos inunda os olhos, penetra nossa mente e com força imperceptível atinge sua meta e impulsiona nosso destino a revelia de nossas vontades, é muito forte. Gabriel desde pequeno encantado com robôs, vídeo games, jogos e aparelhos eletrônicos não é muito diferente do resto do mundo, talvez um pouco. Nunca abandonou seu gosto por essas façanhas humanas tão bem elaboradas. Seu irmão Juliano também não ficou atrás nesse sentido chegando até a se especializar em engenharia mecatrônica e robótica, mas falarei nele em outro momento. Agora Gabriel tem outros interesses mais amplos, vários destinos e lugares pelo Brasil e pelo Mundo. No intuito de facilitar suas viagens e a chegada em lugares lindos e exóticos, comprou um aparelho chamado GPS, que é uma espécie de mapa virtual. Muito bem programado e atualizado, ultima geração. Uma tela fina sensível ao toque e uma voz feminina linda e sensual eram parte do equipamento, enquanto as ruas seguintes iam se projetando na tela. Esse utensílio causou a principio uma vontade de ficar até mais tempo dentro do carro só pra ouvir aquela voz falando. Acontece que às vezes Gabriel não seguia totalmente as instruções da GPS Girl, pois os caminhos nem sempre eram os melhores e mais curtos e rápidos e ela repetia que o caminho estava errado. A convivência entre o motorista de sempre e a GPS Girl era muito boa no começo até romântica às vezes. Ele a chamava de gatinha e meu bem e minha querida. Mas o fato é que algumas semanas depois, Gabriel percebeu uma mudança de comportamento naquela maquina. Sempre quando não seguia as instruções dadas por ela e determinadas na telinha, ela mudava o tom de voz e dava uma bronca. A voz suave e sensual de outrora ficava rouca e grave e junto uns adjetivos em xingamentos e maus tratos. Ela chegou ao ponto de proibir a música alta dentro do carro, nos caminhos diários o que contrario ainda mais o motorista. A convivência ficou meio chata por causa disso e já não tinha muita graça aquela presença tecnológica ao seu lado, no transito e nas estradas de cada dia. O nosso amigo motorista não sabia como terminar aquela relação e se martirizava por ter se envolvido de tal forma com um mero aparelho eletrônico. Lembrou da infância de como se apegava aos carrinhos de controle remoto, aos games, aos televisores e sentiu uma nostalgia enorme daquele tempo e de como seus pensamentos não faziam tantas analogias e teorias com relação a essa problemática. Seguia contrariado pra casa com a presença constante da GPS Girl quando o sinal fechou a poucos metros de sua passagem. Freou bruscamente e parou com receio de algum carro bater na traseira, olhou pelo retrovisor interno e estava tudo bem. De repente vindo de lugar nenhum um garoto grita perto da janela: perdeu e sai correndo. No instante seguinte ainda envolvido pelo susto percebe que a GPS não esta no seu lugar e que foi roubada pelo garoto. Um largo sorriso toma conta de seu rosto e num gesto de liberdade liga o som e sai cantando com a abertura do sinal. Foi como uma ação divina aquele sinal, aquele garoto e até a música seguinte como uma trilha sonora daquele momento.

terça-feira, 23 de novembro de 2010


E uma tempestade arregaça a calmaria
Violenta minha paciência em duvidas
As músicas são os remédios apropriados
Mas não curam nada
Eu penso! Analiso! E...
Fogem as borboletas bonitas como as conclusões que eu gostaria de tirar.
Pra onde vão, e o quanto de minhas falhas vejo em outros tão próximos.
Como evitar a reflexão que me dilacera se esse é meu processo.
Malhar minha buscar como fútil e meu credo como fardo,
Mudar sem medo o rumo não esquecendo o fim.
Meu cataclismo interior é infinito, meu combustível.
Somos todos assim, concluo!
Haverá mesmo além desta superfície existencial, sossego?
A rotação traz pra mim a claridade desta lua sempre.
Seu magnetismo altera minha conduta

quinta-feira, 7 de outubro de 2010


amigos está no ar em paginas brancas e letras azuis o Faruteiro Anti-expotético minha coletanea de poesias.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

poetica dalinesca


Uma linha finíssima de luz é onde a fumaça se faz presente
No limpo céu a lua quer chegar a mim.
E os pisos do chão me atraem a me segurar e as poltronas agarram-me em silencio
Bato no telhado a cabeça e volto aos braços do computador, e as caixinhas me beijam com musica me convencendo a ficar no solo.
Desprendem-se de meus pés os chinelos e...
Tenho galos na cabeça da lua me puxar dentro de casa...
Pavoroso silêncio pernilongo no meu sofrimento.
Umas caixas pegam fogo bem perto da janela,
A persistência da lua traça um traço
A fumaça luminosa e eu nos falamos
Coloriu o ar sua fala e alimentou meu surrealismo.
Derreti num tom lilás e escorreguei sereno.
Toda minha insignificância no universo
Ali da mesma fresta
A minha brecha do mundo

terça-feira, 20 de abril de 2010


Assembléia Ratolina
Thiago Allexander

Logo após por os pés na calçada e se dirigir à rua na intenção de atravessá-la, avistei Augusto de braços abertos a me cumprimentar, seu sorriso maroto já me fez entender que havia algo de muito bom acontecendo. Saudosamente nos falamos e disse que tinha uns cartazes antigos de circo na casa dele pra me presentear. Fomos em direção a sua residência, atravessamos a rua juntos, uns vinte passos, chegamos. Entrou pegou o cartaz, me entregou e contou como tinha os conseguido. Tomamos um chazinho delicioso que ele preparou e ficamos num papo tranqüilo e descontraído debaixo do pé de manga. Tudo e tranqüilo e sereno, as crianças brincavam silenciosas e entretidas. Enfumaçamos os céus com nossos pensamentos e após uns vinte minutos aproximadamente o telefone do Augustinho tocou. Conversou pouco e sucinto e combinou que já ia lá. Preparei pra levantar e partir, no que ele me interpelou de imediato pra ficar e esperar mais uma dose de chá e disse ser rápido o processo que ia fazer. Fiquei sentado sob a sombra da mangueira a refletir a vida com os olhos vagos. De repente Larissa grita bem perto de mim ‘olha o rato, o rato, o rato!’. Quando me virei e olhei o roedor correu e se escondeu entre uns entulhos. O gato saltou e foi averiguar a situação. No mesmo pulo que foi ele voltou pra de trás das minhas pernas correndo. Apanhei uma pedra enorme de concreto com uma banda de tijolo incrustada e me preparei pra massacrar o visitante inoportuno. Não que eu seja contra os animais ou roedores, é pelo fato como são abusivos e evasivos esses ratos urbanos. Quando consegui avista-lo entre as pedras e restos de um armário velho, percebi o por que do gato ter ficado com medo, era uma ratazana enorme quase do tamanho do gato. Joguei o tijolo com força e precisão, ele bateu na parede uns quarenta centímetros do rato, que correu e entrou num cano e sumiu. Minha má pontaria tinha feito um buraco na parede de uns dez centímetros mais ou menos. Curioso que sou, me aproximei e tive a visão mais fantástica da minha vida, quiçá de toda a humanidade. Vi uma centena de ratos alinhados em fileiras quietos escutando atentamente um outro ratão que discursava eufórico e eloqüente. Reparei que todos seguravam uma espécie de papel, nas patas superiores. Era uma Assembléia Geral, uma sessão ordinária que tinha como temática de sempre, conquistar o mundo e mandar os seres humanos para os esgotos e submundos. Dentre as propostas traçavam uma invasão conjunta em todos os centros de poder nacional e mundial e citavam seres humanos como cúmplices e parceiros. A estratégia vinha sendo preparada por uma equipe de ratos do centro de estratégia que ficava na Rússia. A articulação era tão minuciosa que pelo que entendi estava sendo desenvolvida há quarenta anos. Envolvia o corte de água, o saque de alimentos e até assassinatos de autoridades e seqüestros. Percebendo o tamanho da organização e acreditando eu no risco da humanidade, resolvi chamar alguém e por fim pelo menos naqueles congressistas. Apoiei minhas mãos na parede na intenção de me afastar e pá. Algo ou alguma coisa me atingiu a cabeça forte e eu apaguei. A primeira coisa que vi logo após abrir os olhos foi a carinha da Larissa e seus cabelos ruivos esvoaçados bem próximos de meu rosto. Senti alguns pontos doloridos nas minhas costas e percebi que estava deitado entre os mesmos entulhos onde outrora o rato se escondera antes. Quando me sentei, pude ouvir novamente o barulho das coisas, os ônibus passando e estremecendo tudo. Do portão Larissa conta o fato ao pai que vinha chegando de uma maneira bem interessante e infantil dizendo que eu estava dormindo. Nisso levantei rápido e olhei o buraco, não estava lá, havia sumido, mas como? Esses ratos, esses ratos, são mesmo uns ratos,pensei. Ao ver Augusto, ainda meio tonto, sentei de novo em baixo do pé de manga e decidi não contar o fato esquisito que vivenciei. Tomei mais chá, bati mais uma meia hora de papo e fui embora. Já na porta de casa decido ir ao supermercado. Pensei tenho que me prevenir. Comprei todo estoque de veneno pra rato, cerquei toda minha casa num ritual detalhista fiz uma cobertura completa em volta do telhado, entre as cômodas, em baixo, em cima e por toda parte. Ainda não descobri o que me acertou, ando espiando desconfiado tudo quanto é buraco e sempre a impressão de estar sendo observado, mas é incrível demais pra alguém acreditar nessa historia. Preciso de provas e vou consegui-las primeiro, enquanto isso, fico atento.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


O Show mais esperado do Ano
Thiago Allexander

Nossa! O universo nunca conspirou tanto a favor de um acontecimento desses na minha vida antes do desenrolar deste evento. Em plenitude juvenil, rigorosa revolta e curiosidade excessiva, me atirava ao desconhecido de cabeça. O rock com certeza foi e será pelo menos pra mim, um sentimento de determinada geração, sofrendo em decorrência do fluxo comum da historia, a própria evolução em linguagem e também estória e simbologia. Na época esse pensamento certamente não estava tão certo na minha cabeça, e diversão era palavra chave. Encurtando tudo: ganhei o ingresso, fui com muitos amigos dos quais estavam, John, Thiago, Suicida e o Mario Magalhães pai do Raul. A plástica do lugar todo em frente à entrada do show no estacionamento do estádio era um misto de preto e Jeans e fumaça e agitação e gritaria. Foi uma Maravilha! Um pouco de Rock in Roll na veia é sempre necessário pra aliviar as tensões e liberar energia. Uma fila grande permitiu nossa entrada depois de uns trinta minutos, mas quando a gente estava na porta de entrada sendo revistados, o segurança diz que não podemos entrar com as garrafas de vinho, quatro. Olhamos-nos desconsolados e decidimos beber os vinhos lá de fora. Tinha tanta gente de fora, a mesma festa de depois do portão, e o som alto como perto do palco. Ficamos depois mais uns 30 minutos pra tomar essas garrafas de vinho, o que foi muito pouco tempo e quando passei o portão estava tão bêbado que tropecei no primeiro canteiro dentro do evento, me sentei e depois chapei e acordei depois umas duas horas, o Bicho pegando em som e pancada e fumaça e cerveja, olhei o pro lado e vi o John mais a frente, me viu e veio me ajudar, levantei meio sonso, dei uns goles numa cerveja e o Rock contorceu meus nervos a noite toda. Fiquei com a impressão de um sonho muito estranho e enigmático. Eu sai como onda sonora de uma caixa de som e era a própria musica e o tempo o compasso minha respiração num ar livre em ouvidos e olhos infantis colorindo poesia com suas risadas e sorrisos. Um fluido sonoro era minha impressão de existência, impermeável e insólito navegando sem dimensão de espaço ou fim. Minha boca responsável também por emitir essa onda sonora que eu era no microfone pra mesa e pra potencia e pras caixas e esse processo me corria nas veias e pelos sentidos um turbilhão intenso. Voltei pra casa com a impressão de um sonho. Acordei e foi real.